Paulo Fonteles Filho: Malafaia e Feliciano reinventam os tribunais inquisidores

Tempo de leitura: 3 min

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Anticristos

Por Paulo Fonteles Filho, em seu blog

Há mais de dois mil anos, Roma, a cidade eterna, tinha os domínios do mundo. Escravizava povos e sociedades, tinha o terrível Herodes a seu serviço, muitos serviam de espiões, milhares de crianças foram mortas porque se anunciava o Messias.

Toda criança morta, não importa se judeu ou árabe era pela simples ameaça do Messias. Decerto que o sorriso de uma criança é uma ameaça para um tirano e isso vale para aqueles tempos, como para os atuais.

O fato é que o Messias, por sorte ou graça divina, como queiram, se tornou num dos homens mais importantes da história universal e a fase mais bela de sua igreja foi quando perseguida e vivia nas catacumbas, em luta pela justiça e liberdade, às vezes com armas nas mãos.

Crucificaram o homem e lhes deram a longevidade, tenho dúvidas sobre a eternidade.

A questão é que ele está aqui entre nós, seja pela fé ou pela história. Sua mais brilhante passagem foi no socialista-primitivo discurso de “O Sermão da Montanha”: ‘bem-aventurados aqueles que têm fome e sede de justiça, porque deles será o reino dos céus’, me desculpe se não for assim.

A questão central é que lhe mataram mil vezes e mataram de verdade só que o homem não morreu, resiste até hoje. Quem me conhece sabe no que acredito e como preconizava Máximo Gorki, o escritor russo, creio nos livros e na vida.

Não se mata uma ideia. A grande fixação dos direitistas é sempre matar uma ideia. Toda ideia é subversiva para um recalcitrante. Tudo que é diferente dá trabalho. Tudo que é mestiço é anticolonial. Definitivamente não se mata uma ideia, mas a velhacaria um dia desaparece, aliás, apodrece.

Acontece que em cada palavra, cada pregação ou post nas redes sociais, os pastores Marcos Feliciano e Silas Malafaia, como se tivessem uma procuração digna das tábuas de Moisés destilam um ódio – irmão siamês da violência – próprio desta quadra histórica tão marcada pelo recrudescimento de forças tão obtusas que nos fazem crer que a mentalidade da idade média é a grande vedete da direita.

A reinvenção dos tribunais inquisidores é sempre uma boa pedida para o estabelecimento da barbárie. Agora os alvos são os homossexuais, os terreiros da religiosidade profunda — forjada nos navios negreiros – os símbolos da própria Igreja Católica e a esquerda.

Amanhã, se não forem duramente desmistificados, serão as ciências, as artes, o bom senso e o pensamento social avançado o alvo das pregações que faria todo Cristo, o humano ou divino, corar de tanta indignação, porque sua tez histórica — de homem perseguido, caluniado e morto na cruz — foi o da justiça e na prosperidade espiritual da humanidade.

Vai me parecendo cada vez mais que esse fanatismo polaroide, onde a salvação tilinta nas mesmas trinta moedas de Judas — porque é no lombo da ignorância que ocorre o milagre da multiplicação das poucas e milhardarias fortunas — que haveremos de travar a civilizatória luta contra os Pilatos e Herodes da contemporaneidade.

A coisa é tão séria que, se eles vencerem no imaginário dos brasileiros, não seria surpresa se mandarem queimar os livros, como decretavam as hienas de Hitler. A Bíblia também seria torrada na catarse fascista, seja pela sua qualidade literária ou por narrar a história de parte expressiva dos povos.

A Renascença, os sonhos de Da Vinci e as convicções de Giordano Bruno há mil anos têm nos ensinado como enfrentar os heróis do obscurantismo.

Não passarão!

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Comentários

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Antonio

Falta a coragem para enfrentá-los.
De boas palavras e sugestões, o inferno está cheio.
O que se pode fazer para enfrentar e confrontar tipos como esses dois e muitos outros?

FrancoAtirador

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Intolerância Religiosa
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Vestida de branco, menina de 11 anos, iniciada no Candomblé,
é apedrejada na cabeça por indivíduos que se diziam ‘evangélicos’.
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“Continuo na religião, nunca vou deixá-la.
É a minha fé. Mas não saio mais de branco.
Nem no portão eu vou. Estou muito, muito assustada.
Tenho medo de morrer. Muito, muito medo.”
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“Só me recordo de ter colocado a mão na cabeça,
sentir o sangue e logo depois vê-lo pingando no chão.
Foi uma coisa do nada. Nem vi direito de onde veio.
Mas eu poderia ter sofrido algo grave. Atingiu minha cabeça.
Mas e se fosse meu olho?”
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Momentos antes da agressão física, a garota e os parentes
foram xingados por serem adeptos da religião de matriz africana:
‘Sai, Satanás! Queima! Vocês vão para o Inferno!’
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Segundo relato de Vó Kathi, avó da menina,
os Agressores Covardes fugiram em um ônibus.
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Do Pragmatismo Político
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Com apenas 11 anos de idade, K. conheceu a intolerância religiosa
de forma dolorosa, na noite de domingo (14), no Rio de Janeiro.
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A menina, iniciada no Candomblé há quatro meses, seguia com parentes
e irmãos de santo para um centro espiritualista na Vila da Penha,
quando foi atingida na cabeça por uma pedra, atirada, segundo testemunhas,
por um grupo de evangélicos.
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Ainda segundo os relatos, momentos antes, eles xingaram os adeptos da religião de matriz africana.
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“Eles gritaram: ‘Sai Satanás, queima! Vocês vão para o inferno!’.
Mas nós não demos importância. Logo depois, o pedregulho atingiu minha neta
e, enquanto fomos socorrê-la, eles fugiram em um ônibus”, contou a avó da menina,
Kathia Coelho Maria Eduardo, de 53 anos, conhecida na religião como Vó Kathi.
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O caso foi registrado ontem na 38ª DP (Brás de Pina) como lesão corporal
e no artigo 20 da lei 7.716 (praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de religião).
A polícia tenta identificar os agressores através de câmeras dos ônibus da região.
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K. chegou a desmaiar e, segundo seus parentes, teve dificuldade para lembrar de fatos recentes.
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“Ela está bem, pois foi socorrida para o hospital e até foi à escola, pois é muito estudiosa.
Mas na hora chegou a perder a memória. Que mundo é esse que estamos vivendo?
Não se respeita nem criança?”, questionou, ainda indignada, Yara Jambeiro, 49,
também integrante do Barracão Inzo Ria Lembáum e uma das responsáveis pela educação religiosa de K.
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O caso ganhou repercussão na Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro.
Ivanir dos Santos, que preside a comissão, defende a importância da punição aos responsáveis.
“Não se trata de um fato isolado. É assustador uma pedrada em uma criança.
Vivemos um momento delicado na questão da intolerância.
As investigações precisam chegar aos agressores para que o exemplo
não seja de impunidade e que a liberdade religiosa seja reafirmada como está na lei”, avaliou.
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Responsável por uma rede social com 50 mil adeptos e que defende a cultura afro-brasileira, Marcelo Dias, o Yangoo, divulgou o caso:
“É assombroso”, criticou.
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Medo de morrer
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Em entrevista ao jornal carioca Extra, a menina disse que a partir de agora quer esconder de todos a fé que abraçou por medo de sofrer novas represálias.
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“Continuo na religião, nunca vou deixá-la. É a minha fé.
Mas não saio de mais de branco. Nem no portão eu vou.
Estou muito, muito assustada. Tenho medo de morrer. Muito, muito medo”, afirmou.
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A garota recorda com indignação do momento em que foi agredida.
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“Só me recordo de ter colocado a mão na cabeça,
sentir o sangue e logo depois vê-lo pingando no chão.
Foi uma coisa do nada. Nem vi direito de onde veio.
Mas eu poderia ter sofrido algo grave. Atingiu minha cabeça.
Mas e se fosse meu olho?”, questionou.
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Ialorixá de 90 anos enfartou com ofensas
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A denúncia de que uma pedra feriu a menina K., de 11 anos, na noite de domingo, chegou à Comissão de Combate à Intolerância do Rio em meio a reunião na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em protesto pela morte, no dia 1º , de uma uma ialorixá, de 90 anos de idade, em Camaçari, na Bahia.
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Segundo seus parentes e filhos de santo, a religiosa enfartou depois da instalação de um igreja evangélica em frente ao seu terreiro.
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Conhecida como Mãe Dede de Iansã, Mildreles Dias Ferreira teria morrido após seguidores da igreja, terem passado uma madrugada inteira em vigília proferindo ofensas em direção à casa de santo.
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“A polícia recebeu queixas contra as manifestações em frente ao terreiro antes da morte dela. Fizeram cerimônias em frente à casa de forma acintosa e, em outros casos, há quem macule terreiros, além de outras práticas sistemáticas”, enumerou Ivanir dos Santos, presidente da comissão.
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Com informações de O Dia e Extra | Flávio Araújo
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(http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/06/menina-iniciada-no-candomble-e-apedrejada-na-cabeca-por-evangelicos.html)
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    FrancoAtirador

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    ” ‘Amai-vos uns aos outros, como vos amei’, está escrito na Bíblia.
    Eles acham que são Deus, que o Deus deles é melhor que o nosso.
    Cada um tem sua religião, independente de ser budista, cristão, católico,
    candomblecista, judeu. Cada um tem que respeitar a religião do próximo.
    Não somos Deus para julgar. ”
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    Yara Jambeiro
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Bernardo

Sugiro a leitura de Os Demônios Descem do Norte, publicação de 1987. autor Delcio Monteiro de Lima, Editora Francisco Alves. Lá se encontra boa parte do que explica essa ascendência de grupos fundamentalistas ditos cristãos ( não são cristãos de forma alguma). Malafaias e assemelhados têm suas origens ligadas ao que está exposto na obra.
Brizola, que teve a Igreja Metodista como sua religião, já identificara este crescimento e suas características e consequências. Fundamentalismo é ruim e não deveria progredir; as forças de Direita estão se aproveitando disto.

FrancoAtirador

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As Cruzadas do Século 21:
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Pentateuco na Mão Direita
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E a Veja na Extrema-Direita.
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roberto

Nos USA , tem duas dúzias de pastores desse tipo, em cana, curtindo penas pesadas ,de no mínimo 15 anos, por enganarem os humildes e tomarem o seu dinheiro.
A gente sabe que esses dois daqui estão com os dois pés bem fincados no inferno, pois além de fazerem as mesmas coisas dos americanos presos,são odiosos,preconceituosos e egoístas , mas isso será lá mais adiante, por enquanto o FBI, poderia dar umas aulinhas para a nossa Infant polícia federal, de como depositar gente dessa espécie nas prisões, e mandar os carcereiros comerem as chaves.

Urbano

É o que se pode chamar de fundamentalixo, e neste a única coisa que não se pode pensar é em Divindade…

maria do carmo

Chego a conclusao quando consigo ver algo sobre Malafai e Feliciano, que existem fieis muito mais maluco do que se possa imaginar que adoram apanhar, os improperios desses dois e inacreditavel esses dois se superaram, bom sem falar no Eduardo Cunha, se bem que os indicios ja eram indicadores amiguinho do PC Farias, Deus do Ceu ha de se dar um bastas nos malucos, so contam com a inteligencia (inteligencia?) deles.Esta na hora de se dar um basta!

SILVIO MIGUEL GOMES

Eu assisti ao vídeo no YouTube, no qual o ser bestial Marco Feliciano fala que “o Continente Africano foi amaldiçoado por Noé”.
E parece que ele falou também que: “ser gay é uma escolha, mas ser negro é azar”. Não tenho certeza, mas como bem comentou o Pastor Caio Fábio não seria surpresa nenhuma vindo de tal elemento.
Certa vez li de Jecy Valadão (o antigo cafajeste se converteu e até tornou-se Pastor): “isso que fazem é vender Deus”, sobre a preferencia de Pastores por dízimos e tanto pedir dinheiro, pedir doações, pedir ofertas. Isso é uma imoralidade e uma covardia para com o pov.

Marco Sousa

Sempre, DISSE e volto a repetir. Os protestantes estão numa (correria só) por cargos nos três poderes, especialmente, no Congresso. Isso é perigosíssimo para o povo brasileiro, tudo que for direitos individuais e coletivos que não sejam do interesse dos (protestantes) serão esmagados.

    sonia

    o objetivo deles é um só …o Palacio…querem acabar com o Estado laico e fazer daqui um ESTADO CRISTÃO…ja que o Califado Cristão ja esta ai atuante

Edgar Rocha

A arma do canalha é a perversão. É ser capaz de conduzir as ideias sempre a seu favor, destruindo princípios e ferindo o bom senso a ponto deste se imobilizar diante de tamanha desfaçatez. A final de contas, o que seria justo fazer com um sujeito do quilate destas criaturas? Fazê-lo temer por dizer tanta injúria, tomar atitudes tão aberrantes. Dirão que não é o caminho, que é tudo que eles querem. Precisam ser vítimas para sustentar seu proselitismo baixo e mascarar sua violência simbólica e, por vezes, física. É assim que se arregimenta exércitos de canalhas, dispostos a justificarem suas pulsões por poder, sadismo e crueldade. Mas, se não se age, se não se marca uma posição por pura covardia moral ou por pura conveniência, a mentira vai ganhando corpo até virar paradigma. Quando a sociedade decidir resistir, já terá ocorrido um cisma de tal magnitude que culminará numa guerra civil. O processo em relação a estas igrejas é mais ou menos equivalente ao que já ocorre com o crime organizado. Virou uma força política a ser considerada, mesmo que ainda não se possa assumir sua existência como legítima, por pura questão estratégica. No caso das igrejas fundamentalistas, a coisa é ainda pior. Eles já têm um álibi que permita sua atuação enquanto força social. Já estão dentro da vida política e social do país, corrompendo e transmitindo valores que só beneficiam a sujeira e o autoritarismo. Já somos vilões, inimigos, hereges, algozes para este nicho social cada vez maior e mais hidrofóbico.
Eles reivindicam todo dia um bode expiatório em seus altares de sacrifício. E podem fazê-lo alegando liberdade culto e defendendo-se da constante perseguição religiosa evocada no menor questionamento que sofram. E eles têm dinheiro. Muito dinheiro. E eles têm voto, muitos votos. E eles têm parte dos meios de comunicação. Ops….

jasantos

Já é altura os verdadeiros evangelicos dizerem um basta!!! Já questionei alguns deles e a resposta é: aparecerão falsos profetas etc etc (e citam a Bilblia) e haverá um julgamento divino. Mas no campo institucional como ficamos…

Dica Guimarães Jr

O Estado é Laico,estamos falando de valores sociais…

    sonia

    “valores sociais” se forja em casa e não dá o direito de transformar a Casa do Povo na Casa da Mãe Joana ou na Casa da Irene

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